Introdução
Justiça, igualdade, tolerância, São palavras que cada dia
mais se escutam nas escolas. A Educação nos Valores já está presente no
curriculum escolar, mas isso não é suficiente. Ficar no nível teórico não serve
de nada. E, na prática, esquecemos frequentemente que palavras tão grandiosas
como Empatia ou Respeito se traduzem em premissas tão singelas como não atirar
papéis para o chão, ceder o assento a quem mais o necessite ou abrir a porta a
quem vai carregado.
Entretanto,
enquanto que a instrução e formação intelectual é um objectivo a conseguir
primordialmente através da escola, a educação e desenvolvimento pessoal é o
através da família.
Valores culturais
A cultura é
um conjunto de costumes, tradições e valores, é um jeito próprio de ser,
estar e sentir o mundo, jeito este que leva o indivíduo a fazer, ou a
expressar-se, de forma característica.
Ora, ser é
também pertencer a algum lugar, a alguma fé ou a um grupo, seja família, amigos
ou povo.
Daí ser a
cultura um forte agente de identificação pessoal e social, um modelo de
comportamento que integra segmentos sociais e gerações, uma terapia efetiva que
desperta os recursos internos do indivíduo e fomenta sua interação com o grupo
e um fator essencial na promoção da saúde, na medida em que o indivíduo se
realiza como pessoa e expande suas potencialidades.
A percepção
individual do mundo é influenciada pelo grupo. Aquilo que o grupo aprova ou
valoriza tende a ser selecionado na percepção pessoal; já o que é rejeitado ou
indiferente aos valores do grupo tem menor possibilidade de ser selecionado
pela percepção do sujeito e se for significativa para o sujeito, este o guarda
para si ou o elabora de forma a adaptá-lo aos valores grupais, seja de foram
lúdica, simbólica ou distorcida, no intuito de evitar a censura coletiva.
O indivíduo
que consegue burlar a censura grupal e introduzir nela uma significativa
mudança de valores adquire o poder de influenciar a História, daí o dizer-se
que ‘os poetas são profetas’. Explica-se, assim, o medo que os governos
autoritários e ditatoriais tem da elite cultural a perseguição política
acirrada que os representantes da cultura tem sofrido através dos séculos por
exemplo, queima de livros e de sábios nas fogueiras da Inquisição, acusados de
bruxaria e de pacto com o demônio.
Os povos
evoluem através de mudanças significativas em sua cultura e as mudanças acontecem
rapidamente quando o clima político é de liberdade; caso contrário demora
apenas mais um pouquinho, o tempo de o pensamento, que é livre, romper os
grilhões da intolerância.
A CULTURA E A
IDENTIDADE PESSOAL
Quem sou?
A identidade
alicerça-se em capacidades e em valores, no que somos capazes de compreender do
mundo e no significado que damos às nossas vidas. Destaco a seguir quatro
processos da cultura influir na identidade personalizando a atuação individual:
O agente cultural:
O artista,
seja ele escritor, pintor, cantor, compositor e também o esportista sente-se
alguém. Alguém que é respeitado pelo que é capaz de realizar, e, na velhice,
mesmo se incapaz de criar, por limitações decorrentes da idade (mãos trêmulas,
declínio da voz, fraqueza muscular etc) é solicitado a transmitir suas
vivências aos mais jovens. Desta forma, o indivíduo sente-se útil e é
gratificante recordar as glórias passadas sentindo que contribui ainda
para estimular e incentivar o ideal de uma vida.
O propagador
cultural:
Há
indivíduos que não criam, mas apreciam o belo, dedicando suas vidas a promover
cultura. Assim, diz-se que ‘o crítico literário é um autor frustrado’,
aforisma que pode ser estendido aos comentaristas de arte e de esportes, bem
como às demais atividades críticas. Os mecenas são outra categoria de pessoas
que extraem prazer estético da arte que promovem e não são capazes de criar.
Há que citar
os que comercializam a arte, vendendo ou comprando os produtos culturais, grupo
hoje em dia acrescido dos profissionais da mídia, com o poder de promoverem no
mercado o que lhe convém, à revelia da qualidade. Ainda que interesses de lucro
interfiram ou entravem a promoção dos produtos bons, em última análise esses
entraves econômicos agem como um desafio motivador, e o julgamento de valor
fica para a posteridade: o joio e o trigo separam-se aos olhos da geração
futura e os grandes gênios, que em vida passaram privações e até morreram
esquecidos, recebem seu reconhecimento posterior. A História está cheia
de exemplos de ‘vitórias’ fugazes, hoje relegadas ao esquecimento, e de autores
e pintores geniais desprezados em vida.
Assim,
agentes culturais diversos dão significado a suas vidas organizando, promovendo
e divulgando eventos vários.
O espectador cultural:
E finalmente,
há aquele que não cria nem promove e que no entanto aprecia intensamente a
arte. Indivíduos assim identificam-se entre si e organizam-se em fãs clubes,
cuja penetração varia desde o bate-papo informal com os amigos até a
distribuição de zines e elaboração de congressos ou entidades mais ou menos
sofisticadas, com a finalidade de admirar e cultuar o ídolo.
Uma
categoria em especial destaca-se por sua importância no resgate cultural de
certas épocas ou certos ídolos: os colecionadores. O prazer de colecionar
começa pela identificação com o ídolo, passa pelo orgulho de possuir objetos
raros e culmina na satisfação de deter e divulgar conhecimento. Colecionadores
contribuem significativamente para a preservação e para o resgate cultural de
uma época ou arte específica.
Assim, na
questão da identidade, a cultura elabora a identidade de quem faz, de quem
divulga e de quem conhece um aspecto determinado dessa cultura. Enfim, ser
alguém capaz seja de fazer, de divulgar ou de conhecer arte estabelece uma
identidade pessoal que efetivamente enriquece uma existência.
O alienado cultural
Este é um
agente às avessas, alguém que denuncia a incapacidade daquela sociedade em
particular promover a integração de certos segmentos ou indivíduos. Freqüente
nos governos ditatoriais, o alienado cultural evidencia a exclusão social, a
opressão e a manipulação de segmentos menos poderosos nem por isso menos
numerosos da sociedade.
Se a
alienação cultural é um sintoma, o é antes de uma doença social do que
individual. Frequentemente o alienado cultural expressa-se por meios próprios
alternativos, através de uma sub-cultura, que as elites dominantes
desvalorizam, desprezam e que podem adquirir proporções de verdadeira rebelião
cultural. Foi o caso do movimento Impressionista na pintura, na França, e da
Semana de Arte Moderna de 1922 no Brasil. E nesses casos pode ocorrer o fenômeno
da contra-cultura.
Atualmente
temos grafiteiros, descendentes diretos de pichadores marginalizados, que se
autodenominam ‘cultura de rua’. E também os raps, as danças de rua, entre
outros.
Esta
polarização entre a elite e os excluídos dá origem a um movimento pendular
entre os extremos da comunidade de tal sorte que a História da arte é a
história de uma seqüência de movimentos de polaridade: depois do romantismo
segue-se o realismo, após longos períodos de valorização do espiritual,
segue-se um longo período de valorização do carnal etc.
A CULTURA A IDENTIDADE
SOCIAL
Quem
mais?
A
consciência de SER pode gerar solidão caso não haja a consciência de pertencer,
ou seja, de compartilhar a existência com outros.
Assim, o
conhecimento de que outros também fazem, divulgam e apreciam o mesmo que o
indivíduo, é o meio de integrá-lo à sociedade. A comparação inevitável com os
outros é desafiadora e motivadora. Diga-se o mesmo para qualquer outra
modalidade cultural. Ao prazer de criar, soma-se o prazer de cultivar um estilo
próprio. Já não se trata mais de criar, divulgar ou apreciar arte, mas de
criar, divulgar ou apreciar sob uma ótica diferente, peculiar, personalizada.
Esse
sentimento de transceder o espaço e o tempo está presente em todas as formas de
manifestação cultural. É um sentimento atávico, inerente à espécie.
Este
atavismo é decorrência da necessidade de comunicação, pois quem vive,
comunica-se, e o homem que se comunica, o faz necessariamente através de certos
meios e símbolos. Ora, a existência de meios e símbolos de comunicação são, em
si, o alicerce da cultura o jeito de ser de um grupo.
A formação
cultural de um grupo estabelece-se alicerçada nos fatores climáticos e
geográficos inicialmente, passando pelas atividades de sobrevivência mais
adequadas àquele grupo, pelo tipo de alimento disponível, e a seguir pela
religião e atividades de lazer que se estabelecem em decorrência das primeiras
condições citadas.
Assim, onde
há frio, lê-se muito, come-se grande quantidade de gordura, a solidariedade é
sinônimo de sobrevivência. Onde há calor exercita-se o corpo, come-se frutas
frescas, impera o espírito de aventura. Há uma psicologia das montanhas diversa
da psicologia das planícies; o montanhês sente segurança e proteção onde os
nativos das planícies percebe perigos desconhecidos; o montanhês sente-se
exposto e vulnerável na amplidão que, para o nativo das planícies é a essência
mesmo do seu bem-estar no mundo. É o meio influenciando o homem e
moldando-o à sua imagem, sendo a seguir também moldado e modificado por ele.
A mídia e as
facilidades tecnológicas modernas diminuíram os contrastes sem anular as
diferenças. A comunicação entre os povos estimula a compreensão e o respeito
mútuo, e enriquece a humanidade.
A CULTURA COMO PONTE ENTRE GERAÇÕES E
EXTRATOS SOCIAIS
O fazer e o
admirar a arte, utilizando-a como fator de integração social e formador de
identidade, é comportamento transmitido de pai para filho, e começa no
berço, ao som das primeiras cantigas de ninar e das primeiras histórias de
fadas.
Muito há que
se falar sobre as histórias de fadas, a linguagem que os adultos encontram para
penetrar no universo infantil.
As histórias
de fadas oferecem muito mais do que magia e encantamento à mente de crianças de
todas as idades.
Os contos de
fadas, trabalhados há séculos por gerações e gerações de crianças, têm uma sabedoria
própria e são o veículo ideal para introduzar a criança em seu
contexto cultural.
As histórias
infantis refletem-se no psiquismo infantil em vários níveis, conscientes e
inconscientes. A utilização destas histórias permite uma ampla abordagem da problemática
infantil por várias razões.
A criança,
ao aprender algo com o avô ou outro idoso, adquire respeito pela sabedoria
adquirida, admira o outro, valoriza a tradição e deseja para si esta sabedoria
enriquecida pelos anos. O ancião, por sua vez, ao ensinar, renova seu
conhecimento, ao percebê-lo através dos olhos infantis; revive as boas
lembranças, consolida sua auto-estima. No contato entre velhos e jovens
verifica-se um enriquecimento mútuo: os velhos melhoram a atenção, a memória, a
saúde e o humor; os jovens ganham em paciência e em humildade. Através da
cultura, o conflito pode transformar-se em parceria, a tolerância dar lugar à
integração dos novos passos no mesmo caminho antigo.
Uma
cumplicidade estabelece-se entre pessoas de todas as idades e de todos os
extratos sociais frente a uma manifestação cultural. Por meio de um elo
invisível, já não se trata mais de ser rico ou pobre, branco, negro ou mestiço,
rural ou urbano – trata-se de todos sentirem-se iguais.
A
identificação dos diferentes segmentos da coletividade frente a uma equipe
esportiva, defendendo o nome do país nos Jogos Olímpicos, em um campeonato
mundial, ou frente a um filme que concorra a uma premiação internacional, cria
um forte vínculo ante o qual desaparecem as diferenças menos significativas. Em
torno do ideal cultural é possível unificar toda uma nação e motivá-la para um
importante trabalho de desenvolvimento social – lembremos o que ocorreu em
diversos países após a Segunda Grande Guerra.
Existem atualmente
diversos grupos isolados trabalhando a cultura com a intenção de integrar à
sociedade segmentos marginalizados menores, doentes e idosos. No caso do idoso,
os cursos e clubes de lazer para a Terceira Idade são um importante fator de
melhora de qualidade de vida.
A solução cultural
é a melhor arma de que dispomos para combater os graves problemas
socioeconômicos de nosso país, pois a cultura interfere na autoestima de
maneira surpreendente, atribuindo valor, identidade, disciplina e motivação
para mudar. A cultura proporciona prazer em SER, FAZER e PERTENCER, sendo este
o prazer sadio do bem viver, força capaz de contrapor-se ao medonho prazer das
drogas e da tendência autodestruição para que se dirigem os excluídos sociais.
A CULTURA COMO TERAPIA
Do grego vem
a palavra ‘catarse’, que quer dizer purificação.
A arte é uma
forma de catarse, em todas as suas manifestações: literatura, teatro, música,
canto, dança, pintura etc. E toda catarse tem um aspecto terapêutico.
Para o
artista, a arte é uma forma de liberação emocional, sendo a criação uma forma
elaborada e complexa de transformar o sofrimento em beleza, o objeto artistíco
sendo a forma de comunicação do mundo interno do artista. Em alguns casos
extremos, a solução final: comunicar-se ou enlouquecer.
Também para
o espectador, que se projeta na obra admirada, a catarse acontece. E a emoção
do esportista, e do torcedor, também são poderosas formas de catarse. Na emoção
do momento, protegido pelo simbolismo cultural, pode o indivíduo soltar as
emoções represadas em seu cotidiano.
No caso
específico da saúde, podemos observar pela época da aposentadoria a eclosão de
diversas doenças, com destaque para as depressões, decorrentes do sentimento de
inutilidade e pela percepção da proximidade da morte. Também as lutas sociais
pelo poder, as frustrações e, as desilusões geram toda sorte de sofrimento
moral e físico.
É quando
FAZER arte pode consolar aquele que não pode TER e levá-lo ao equilíbrio
psíquico por SER alguém.
Grupos que
se reúnem por um interesse cultural comum e permitem-se CRIAR obtém excelentes
resultados. Ao fazer versos, cantar, pintar, representar, o indivíduo percebe
aptidões inexploradas, e, entretido na atividade catártica, abandona o
mau-humor, a depressão, esquece as dores, supera limitações e por vezes
descobre talentos adormecidos.
A corrida
atrás do dinheiro, a luta pela sobrevivência embota aos poucos a sensibilidade.
É na aposentadoria que muitos se permitem liberar, ou descobrem pela primeira
vez, a criatividade pelo prazer, desvinculada de qualquer vínculo prático ou
monetário, e, como a criança, que vive intensamente o presente, o indivíduo
recupera o amor pela vida, ingrediente principal da saúde.
A CULTURA COMO RESGATE DA CIDADANIA
Pelo exposto
acima, concluímos que a cultura, em todos os seus aspectos, artísticos ou
outros, tanto de criação, quanto de admiração e divulgação, tem como resultado
fortalecer a identidade pessoal e social do indivíduo, bem como de integrá-lo
em sua família e em sua comunidade, fornecendo-lhe, através do bem estar mental
e social, condições de bem estar no mundo, ou seja, de saúde.
O indivíduo
comprometido com a cultura é feliz, portanto, pois sua vida adquire um
significado útil.
Este é ou
deveria ser o objetivo da sociedade humana: o bem estar do grupo alicerçada na
felicidade de cada um.
Valores da Família
Nunca
devemos esquecer que o lar é o autêntico formador de pessoas. As crianças
aprendem continuamente através dos seus pais, não só o que estes lhes contam,
mas também, sobretudo, pelo que vêem neles, como actuam, como respondem perante
os problemas. Em definitivo, as crianças observam e copiam o proceder dos seus
pais perante a vida. A autêntica educação nos valores transmite-se, passa dos
pais para os seus filhos desde o dia do nascimento até ao final da vida. Não
obstante, tem uma importância relevante durante os primeiros anos. Até aos seis
ou sete anos de idade as crianças possuem uma moral denominada “heterónima”, ou
seja, a sua motivação para fazer as coisas de uma maneira ou de outra é corresponder
ao que o papá e a mamã desejariam: o que dizem os pais são “verdades
absolutas”. Conforme crescem vão compreendendo melhor por que é importante
actuar de certa forma e não de outras, mas seguem, sempre, guiando-se pelo que
vêem em casa, especialmente até aos doze anos. Daí a tremenda importância de
educar as crianças através do exemplo, para desenvolver uma educação cívica.
Faz o que eu faço
Todos temos
na mente uma ideia de como gostaríamos que fosse a sociedade, em que mundo
queremos que vivam os nossos filhos: um sitio limpo, em que as pessoas se
ajudem e respeitem, onde todos tenhamos os mesmos direitos… Depois saímos à rua
pensando no trabalho, nas compras, na ortodoncia do menino e esquecemo-nos de
todos esses bons propósitos. De repente, queremos ser os primeiros a sair do
metro, incomoda-nos o carro que torna lenta a circulação, esquecemo-nos de dar
os bons dias ao porteiro… e assim, dia após dia, diante o olhar sempre atento
das crianças, que, já se sabe, absorvem tudo como esponjas.
Já comentámos
que, até os doze anos aproximadamente, o lar é a principal fonte de valores,
direitos e deveres da criança. Agora também terá que se dizer que há coisas que
dificilmente se aprendem mais tarde. Se em pequenos não nos acostumamos a
guardar o pacote no bolso quando não há um cesto de papéis à mão, a não pôr a
música muito alta para não incomodar o vizinho, a dizer obrigado quando nos
fazem um favor ou a não insultar os que são diferentes, será mais complicado
aprendê-lo mais tarde. Porque o civismo, o respeito, a honestidade e todos os
valores humanos são em grande medida hábitos, rotinas que aprendemos em
família, de forma inconsciente, e que mais adiante chegamos a valorizar com a
reflexão que permite a maturidade.
Por isso, a
melhor forma de transmitir valores, de aprender a viver em sociedade, é não
aplicar jamais a tão popular frase de “faz o que eu digo e não o que eu faço”.
Se quisermos que nossos filhos alcancem essa sociedade tão sonhada devemos
começar por criá-la nós mesmos e “fazer o que dizemos”.
Que hábitos-valores fomentar?
Só têm que
pensar que tipo de pessoas gostariam que fossem os vossos filhos e actuar em
consequência. Como vimos, a coerência entre as ideias que querem transmitir e a
forma como se actua em casa é a chave principal.
A maioria
das pessoas considera como nobres os mesmos tipos de valores. Entretanto, às
vezes é difícil reconhecer em nós mesmo onde encaixa a conexão entre “crenças”
e “forma de ser”. Estes conselhos podem ajudar a reflectir sobre isso:
Se quiserem
que o vosso filho seja uma pessoa razoável, raciocinem com ele desde o primeiro
dia. Não utilizem o “porque eu digo”. Logicamente haverá muitas ocasiões em que
tenham que lhe ordenar as coisas, mas sempre podem argumentar o motivo.
O respeito
onde primeiro se observa é entre os pais. As decisões no casal devem ser sempre
compartilhadas. Se discutem, façam-no de forma tranquila, sem recriminar. Saber
viver em sociedade é saber aceitar as opiniões distintas.
Onde mais se
fomentam os estereótipos é no lar. Pensaram alguma vez em coisas como quem
limpa a casa?, quem troca as lâmpadas?, etc. Tratem de compartilhar entre vós
os distintos papéis.
Se se
preocuparem com as influências externas pensem que têm uma arma muito
importante ao vosso alcance: os vossos comentários. Falem com o vosso filho
sobre a opinião que merecem as actuações dos outros (tanto no positivo como no
negativo). Isto é importante, sobretudo, contra a influência da televisão.
Compreender ajuda a aprender
Os valores
transmitem-se através do exemplo, mas assentam com força, graças à compreensão
de que são necessários. Como podemos ajudar uma criança pequena a perceber esta
importância? Uma boa maneira é aplicar a fórmula de “faz pelos outros o que
gostarias que fizessem por ti, e não lhes faças o que não gostarias que te
fizessem”. Por outras palavras, colocar as crianças na hipótese de serem eles
os protagonistas de certas atitudes. É muito mais eficaz para que o vosso filho
a entenda, dizer-lhe: “Gostarias que se rissem de ti porque usas óculos? como
te sentirias?”, do que lhe dizer simplesmente: “Não deves rir do João por ter
aparelho nos dentes”.
Valores estéticos
Nossa
sociedade é baseada na herança grega e romana, dando origem assim aos nossos
conceitos e padrões ético-morais. A Ética provém dos gregos e é pautada na
ideia de valores, sendo assimilada como um estudo ou reflexão científica ou
filosófica sobre os costumes e ações humanas(conduta).
Sendo um
conceito que mora dentro de nós, e pensar sobre ela contribui para aumentar a
reflexão sobre tal, nos fazendo questionar ainda mais sobre nossas atitudes e nos
aproximando da realidade que vivemos e nos tornando mais conscientes com nossas
ações pela vida.
O que é belo? Segundo o filósofo Sócrates, a beleza seria a concordância
observada entre os olhos e os ouvidos. Em uma visão mais atual da sociedade, a
beleza poderia ser encarada e cultuada pelos estereótipos, onde os olhos físicos admiram
somente “a casca de uma árvore”, e não os frutos, a raiz sólida e a sombra
tranquila erevigorante que a árvore poderia beneficiar.
Desde a
Antiguidade cultuamos o belo, no qual a valorização estética pode
ser vista em relatos históricos que demonstram a rejeição á indivíduos com
deficiências. Nas Artes, podemos acompanhar o culto á beleza (esculturas,
pinturas e na literatura), porém trazendo consigo qualidades e virtudes
humanas. Essa união entre beleza física + qualidade + habilidades, era vista
como uma benção dos céus no imaginário da época, sendo seres quase
angelicais e perfeitos.
Os reis faziam o uso de adereços e substâncias
aromáticas como forma de mascarar suas imperfeições e deixá-los com uma imagem
limpa, pura e até mesmo divina. Com a ascensão da burguesia (século XV, XVI), a
questão estética se distanciou do padrão divino e passou a ser necessidade e
objeto de consumo, as roupas e joias, adereços e cosméticos moldaram a
nova concepção sobre a beleza e a quase divindade. Século XVII e XIX,
é criado os padrões de beleza irreais, no qual os homens e mulheres se
submeteram a procedimentos para se elevarem a um novo status social.
Por exemplo, a própria vestimenta
europeia nas colônias de clima tropical (Brasil), e o uso de espartilhos pelas
mulheres na condição de se projetarem como magras e bonitas. Com o passar dos
séculos, o sonho da beleza ideal e do corpo perfeito se sobrepôs aos valores
éticos.
No qual
somos todos frutos de um modismo tendencioso que nos diz o que vestir, como
deveria estar nosso cabelo, o que dizemos e por ai vai. Na atualidade, nos
vemos submersos á grandes tonéis de cosméticos, desde oxampu até a meia que
vestimos, e assim esquecendo princípios que para os gregos e romanos antigos
eram primordiais. Os valores estéticos se tornaram um mal compulsivo entre os
humanos, sendo mais importantes do que os valores éticos.
Hoje, somos
vistos não pelo que “somos”, mas sim pelo o que “temos”, e em raríssimos casos
somos comparados á seres celestiais, belos por fora e ricos de valores humanos.
Conclusão
Quem não
vive as próprias raízes não tem sentido de vida. O futuro nasce do passado, que
não deve ser cultuado como mera recordação e sim ser usado para o crescimento
no presente, em direção ao futuro. Nós não precisamos ser conservadores, nem
devemos estar presos ao passado. Mas precisamos ser legítimos e só as raízes
nos dão legitimidade.
Entende-se
nessa citação que a vida tem sentido, em se tratando de identidade cultural,
quando conhecemos nossas raízes, de onde viemos, quem somos e como somos. É
preciso conhecer o inicio de tudo para entendermos as mudanças culturais que
ocorrem no presente e que ocorrerão no futuro.
Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estética#Modernidade
http://www.qdivertido.com.br/verartigo.php?codigo=57
http://familia.aaldeia.net/os-habitos-familiares-e-a-transmissao-dos-valores/
http://familia.aaldeia.net/valores-na-familia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Valores_da_Família
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