Introdução
As enunciações dos textos narrativos variam de acordo com a
intenção do discurso. São classificados em três tipos de discursos: Discurso
Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre. Amplamente estudados pela
gramática tradicional, que designam três modos de reportar ou citar um ato de
enunciação. Segue-se uma descrição precisa de cada um dos processos.
Discurso Direto
O discurso direto é a reprodução de maneira direta da fala
das personagens, ou seja, a reprodução integral e literal, introduzida por travessão.
Nessa estrutura, as falas são acompanhadas por um verbo declarativo, seguido de
dois pontos e travessão. Sintaticamente, o conteúdo da fala funciona sempre
como objeto direto do verbo declarativo.
O discurso é direto quando são as personagens que falam. O
narrador, interrompendo a narrativa, põe-nas em cena e cede-lhes a palavra.
Exemplo:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia.
- Ninguém se mexe! – ordenou ele.
Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que
ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da
personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso
direto reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar,
perguntar, entre outros, servem para que as falas das personagens sejam
introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns
durante a reprodução das falas.
Exemplos:
Foi até sua casa a fim lhe contar o ocorrido. No trajeto, viu
Maria de longe, acenou e gritou:
—Preciso falar com
você urgente!!!
Maria respondeu:
— Estou trabalhando
agora, depois te ligo, tudo bem.
"Virgília ouvia-me calada; depois disse:
- Não escaparíamos talvez; ele iria ter comigo e matava-me do
mesmo modo."
"- Quer comprar alguma coisa? disse ela estendendo-me a
mão."
Discurso
Indireto
O discurso indireto é definido como o registro da fala da
personagem sob influência por parte do narrador. Nesse tipo de discurso, os
tempos verbais são modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que
fala. Além disso, costuma-se citar o nome de quem proferiu a fala ou fazer
algum tipo de referência.
Neste tipo de discurso narrativo o narrador interfere na fala
da personagem. Este conta aos leitores o que a personagem disse, no entanto o
faz na 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, e sim
"traduzidas" na linguagem do narrador. Também é sem travessão. No
fundo são apenas a junção dos dois modos verbais. A pessoa não pergunta de
verdade, é o narrador que faz a pergunta com o nome do personagem.
Exemplos:
Ele ordenou que ninguém se mexesse.
Discurso Indireto Livre
Discurso indireto livre é uma modalidade de técnica
narrativa, resultante da mistura dos discursos direto e indireto, sendo um
processo de grande efeito estilístico.
Por meio dele, o narrador pode, não apenas reproduzir
indiretamente falas dos personagens, mas também o que eles não falam, mas
pensam, sonham, desejam etc. Neste caso, o discurso indireto livre corresponde
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
O discurso indireto livre ocorre quando a fala do personagem
aparece na fala do narrador, assim, o que se lê não é um juízo do narrador, mas
o próprio comentário do personagem sem secção (como ocorre no discurso direto,
por exemplo, que utiliza travessões, dois pontos, aspas etc), ou seja, sem
estar separado do bloco de texto. Comumente, o discurso indireto livre aparece
entremeado com o discurso indireto.
As orações do discurso indireto livre são, em regra,
independentes, podendo ter ou não verbos de elocução. Quando possui verbo de
elocução, fica mais nítido de se perceber que aquela frase que está ali não é
do narrador, mas sim do personagem. Em geral, ele ocorre com foco narrativo em
terceira pessoa, mas pode, em alguns casos (não é comum) estar em primeira.
Esse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que
confere ao texto. O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a
história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do
autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e
as duas vozes se fundem
Veja-se o seguinte
exemplo:
Que ninguém se mexesse!
Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores se
formou na porta de uma padaria e o padeiro saiu a informar que não havia pão.
Por quê? Onde estava o pão? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde
então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria invadiram a padaria e
levaram o estoque de roscas e biscoitos, a manteiga e o chocolate.
Conclusão
As palavras são importantes. E os discursos têm o poder de
mudar as coisas, a vida das pessoas e as motivações. Um mau discurso pode mudar
um país. Os diversos textos que circulam na sociedade nem sempre nos permitem
ir além dos seus limites linguísticos e analisá-los mais profundamente. Alguns
deles tornam-se obscuros na medida em que exigem de nós conhecimentos mais
específicos. Este trabalho sobre nos fornece métodos teóricos eficientes para a
análise de todo tipo de discurso, como também nos auxilia a ultrapassar a
superficialidade da primeira leitura de um texto. O objetivo desse trabalho é,
portanto, mostrar a importância do Discurso na compreensão dos enunciados,
tendo eles qualquer extensão ou pertencendo a qualquer tipo ou gênero textual.
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