Introdução
Immanuel Kant (Konigsberg, 22
de abril de 1724; Konigsberg, 12
de fevereiro de 1804) foi um filósofo prussiano, geralmente
considerado como o último grande filósofo dos princípios da era
moderna.
Nascido de uma modesta família de artesãos, depois de um longo período
como professor secundário de geografia, Kant veio a
estudar filosofia, física e matemática na Universidade de Konigsberg e em 1755 começou a lecionar ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi
nomeado professor catedrático da Universidade de Konigsberg, cidade da qual
nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos
filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática,
etc.
Vida
A paz perpétua
Crítica e sistema
Metafísica e epistemologia de Kant
A Geografia em Kant
Marcos na vida de Kant
A paz perpétua
Crítica e sistema
Metafísica e epistemologia de Kant
A Geografia em Kant
Marcos na vida de Kant
Kant nasceu, viveu e morreu em Konigsberg (atual Kaliningrado), na altura
pertencente à Prússia. Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg Kant, um artesão
fabricante de correias (componente das carroças de então) e da mulher Regina.
Nascido numa família protestante (Luterana), teve
uma educação austera numa escola pietista, que frequentou
graças à intervenção de um pastor. Ele próprio foi um cristão devoto por toda a
sua vida.
Passou grande parte da adolescência como estudante, sólido mas não
espetacular, preferindo o bilhar ao estudo. Tinha a convicção curiosa de que
uma pessoa não podia ter uma direcção firme na vida enquanto não atingisse os
39 anos. Com essa idade, era apenas um metafísico menor numa universidade prussiana, mas foi então que uma breve crise
existencial o assomou. Pode argumentar-se que teve influência na posterior
direcção.
Competente professor universitário durante quase toda a vida, mas nada
do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria qualquer reputação histórica. Viveu
uma vida extremamente regulada: o passeio que fazia às 15:30 todas as tardes
era tão pontual que as mulheres domésticas das redondezas podiam acertar os
relógios por ele.
Kant nunca deixou a Prússia e raramente saiu da cidade natal. Apesar da
reputação que ganhou, era considerado uma pessoa muito sociável: recebia
convidados para jantar com regularidade, insistindo que a companhia era boa
para a constituição física.
Por volta de 1770, com 46 anos,
Kant leu a obra do filósofo escocês David
Hume. Hume
é por muitos considerados umempirista ou um cético, muitos autores o
consideram um naturalista.
Kant sentiu-se profundamente inquietado. Achava o argumento de Hume irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante 10 anos não
publicou nada e, então, em 1781 publicou a "Crítica da Razão Pura", um dos
livros mais importantes e influentes da moderna
filosofia.
Neste livro, ele desenvolveu a noção de um argumento transcendental para
mostrar que, em suma, apesar de não podermos saber necessariamente verdades
sobre o mundo "como ele é em si", estamos forçados a percepcionar e a
pensar acerca do mundo de certas formas: podemos saber com certeza um grande
número de coisas sobre "o mundo como ele nos aparece". Por exemplo,
que cada evento estará causalmente conectado com outros, que aparições no
espaço e no tempo obedecem a leis da geometria, da aritmética, da física, etc.
Nos cerca de vinte anos seguintes, até a morte em 1804, a produção de
Kant foi incessante. O seu edifício da filosofia crítica foi completado com a Crítica da Razão Prática, que lidava com a
moralidade de forma similar ao modo como a primeira crítica lidava com o
conhecimento; e a Crítica
do Julgamento, que lidava com os vários usos dos nossos poderes mentais, que não
conferem conhecimento factual e nem nos obrigam a agir: o julgamento estético (do Belo e Sublime) e julgamento teleológico (Construção de Coisas Como Tendo "Fins"). Como Kant os
entendeu, o julgamento estético e teleológico conecta os nossos julgamentos
morais e empíricos um ao outro, unificando o seu sistema.
Uma das obras, em particular, atinge hoje em dia grande destaque entre
os estudiosos da filosofia moral. A Fundamentação da Metafísica dos Costumes é considerada por muitos filósofos a mais importante obra já escrita
sobre a moral. É nesta obra que o filósofo delimita as funções da ação
moralmente fundamentada e apresenta conceitos como o "Imperativo categórico" e a "Boa vontade".
Os trabalhos de Kant são a sustentação e ponto de início da moderna
filosofia alemã; como diz Hegel, frutificou com
força e riqueza só comparáveis à do socratismo na história da filosofia grega. Fichte, Hegel, Schelling, Schopenhauer, para indicar
apenas os maiores, inscrevem-se na linhagem desse pensamento que representa uma
etapa decisiva na história da filosofia e está longe de ter esgotado a sua
fecundidade.
Kant escreveu alguns ensaios medianamente populares sobre história,
política e a aplicação da filosofia à vida. Quando morreu, estava a trabalhar
numa projetada "quarta crítica", por ter chegado à conclusão de que
seu sistema estava incompleto; este manuscrito foi então publicado como Opus Postumum. Morrera em 12
de fevereiro de 1804 na mesma
cidade em que nascera e permanecera durante toda sua vida. Encontra-se
sepultado no Cemitério do Caliningrado, Kaliningradskaya
Oblast' na Rússia.
A paz perpétua trata que o direito cosmopolítico deve circunscrever-se
às condições de uma hospitalidade universal. Dessa forma, Kant traz no terceiro
artigo definitivo de um tratado de paz perpetua, o fato de que existe um
direito cosmopolitano relacionado com os diferentes modos do conflito dos
indivíduos intervirem nas relações com outros indivíduos. A pessoa que está em
seu território, no seu domínio, pode repelir o visitante se este interfere em
seu domínio.
No entanto, caso o visitante mantenha-se pacifico, não seria possível
hostiliza-lo. Também, não se trata de um direito que obrigatoriamente o
visitante poderia exigir daquele que o tem assim, mas sim, de um direito que
persiste em todos os homens, o do direito de apresentar-se na sociedade.
O direito de cada um na superfície terrestre pode ser limitada no
sentido da superfície. Já o indivíduo deve tolerar a presença do outro, sem
interferir nele, visto que tal direito persiste a toda espécie humana. Então, o
direito da posse comunitária da superfície terrestre pertence a todos aqueles
que gozam da condição humana, existindo uma tolerância de todos a fim de que se
alcance uma convivência plena.
Veja que o ato de hostilidade está presente no ato do direito de
hospitalidade. Mesmo que o espaço seja limitado, os indivíduos devem se
comportar pacificamente com o intuito de se alcançar a paz de convívio mútuo. O
relacionamento entre as pessoas está na construção dos direitos de cada um,
sendo indispensável para a compreensão do direito cosmopolítico de modo a
garantir as condições necessárias para termos uma hospitalidade universal.
Por fim, a não violação do direito cosmopolitano e o direito público da
humanidade criará condições para o favorecimento da paz perpetua,
proporcionando a esperança de uma possível aproximação do estado pacífico.
Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo objectivo
primário era "criticar" as limitações das nossas capacidades
intelectuais, Kant foi um dos grandes construtores de sistemas, levando a cabo
a ideia de crítica nos seus estudos da metafísica, ética e estética.
Uma citação famosa "o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro
de mim" é um resumo dos seus esforços: ele pretendia explicar, numa teoria
sistemática, aquelas duas áreas. Isaac
Newton tinha desenvolvido
a teoria da física sob a qual Kant queria edificar a filosofia. Esta teoria
envolvia a assunção de forças naturais de que os homens não se apercebem, mas
que são usadas para explicar o movimento de corpos físicos.
O seu interesse na ciência também o levou a propor em 1755 que o sistema solar fora criado a partir de uma nuvem de gás na qual os
objectos se condensaram devido à gravidade. Esta Hipótese Nebular é amplamente reconhecida como a primeira teoria moderna da formação do
sistema solar e é precursora das actuais teorias da formação estelar.
O livro mais lido e mais influente de Kant é a Crítica
da Razão Pura (1781). De
acordo com o próprio autor, a obra, também conhecida como "primeira
crítica", é resultado da leitura de Hume e
do seu despertar do sono dogmático,
a saber: Kant se perguntou como são possíveis juízos sintéticos a priori? Para responder a essa pergunta, Kant escreveu
esse livro portentoso, de mais de 800 páginas.
Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e
espaço são formas fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que
existem como ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e
que não tem extensão no espaço. A mente humana não pode produzir tal
ideia. Nada pode ser percebido excepto através destas formas, e os limites
da física são
os limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos
conhecer fora do espaço e do tempo.
Mas além das formas da sensibilidade, Kant vai nos
dizer que há também o entendimento, que seria uma faculdade da razão. O
entendimento nos fornece as categorias com as quais podemos operar as sínteses
do diverso da experiência.
Contudo, diz Kant, as categorias são próprias do
conhecimento da experiência. Elas não podem ser empregadas fora do campo da
experiência. Daí porque, na filosofia crítica de Kant, não nos é possível
conhecer a coisa em si, ou
aquilo que não está no campo fenomenológico da
experiência.
Na perspectiva de Kant, há, por isso, o
conhecimento a priori de
algumas coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de forma a
poder compreender a massa sussurrante de experiência crua, não-interpretada que
se apresenta às nossas consciências. Em segundo lugar, ela remove o mundo real
(a que Kant chamou o mundo numenal ou númeno) da
arena da percepção humana.
Kant denominou a filosofia crítica de "idealismo transcendental".
Apesar da interpretação exacta desta frase ser contenciosa, uma maneira de a
compreender é através da comparação de Kant, no segundo prefácio à
"Crítica da Razão Pura", da filosofia crítica com a revolução copernicana na astronomia.
Além de seu trabalho filosófico, Kant também foi professor de Física,
Antropologia, Geografia, Lógica, Metafísica outras disciplinas. A contribuição
de Kant à Geografia deu-se tanto por seu trabalho como professor geógrafo,
quanto também por suas reflexões sobre o papel da Geografia no estudo dos
fenômenos naturais, dentro de seu sistema filosófico sobre o conhecimento humano.
O curso de Geografia Física, ministrado por Kant, era ofertado no
período inicial dos cursos universitários e tinha como proposta apresentar aos
alunos um “sumário da natureza”, ou seja, um quadro geral do saber humano
mostrando ser possível conhecer o mundo de uma maneira integrada e sistemática.
Esse quadro geral, além de propiciar ao aluno uma base de conhecimentos
empíricos, necessários para os raciocínios e pesquisas científicos posteriores
de seu curso, também consistiria em um primeiro contato com o que seria uma
propedêutica do conhecimento científico do mundo.
Kant nunca publicou um livro específico sobre o seu curso de Geografia.
Porém, ao fim de sua vida, permitiu que um antigo aluno publicasse uma obra
contendo as notas de sua disciplina. Essa publicação autorizada condensa muito
do conhecimento geográfico existente na época de Kant e torna-se um dos livros
referenciais na história do pensamento geográfico.
Kant identificava a Geografia em cinco partes, a saber: Geografia
Matemática (forma, dimensão, e movimento da Terra), Geografia Moral (os
costumes e o caráter do homem em relação ao meio ambiente), Política, Mercantil
(comercial), e Teológica (a distribuição das religiões).
Em sua obra filosófica, cumpre destacar duas grandes contribuições à
Geografia: a classificação da Geografia como ciência dentro do esquema do
conhecimento humano e as obras kantianas que tratam sobre o tema da observação
e do estudo dos fenômenos naturais.
Kant nos apresenta duas definições da Geografia. Na primeira, nos define
a Geografia como a ciência da diferenciação da crosta terrestre. Na segunda,
seria a ciência responsável pela descrição das coisas em termos de espaço. Essa
segunda definição será de grande relevância para classificação científica da
Geografia dentro do sistema Kantiano, devido à importância da intuição de
espaço na teoria do conhecimento de sua obra “Crítica da Razão Pura”.
Enquanto a História seria a responsável pela descrição temporal dos
fenômenos, cabe à Geografia a descrição dos dados em sua organização espacial.
Essa organização confere um status de especificidade ao método geográfico
(descrição espacial), que lhe assegura um lugar no rol das ciências.
Kant também classificou as ciências quanto ao seu objeto, dividindo-as
em ciências específicas (de um só objeto) e ciências de síntese, sendo que
estas últimas seriam responsáveis por aglutinar e integrar os conhecimentos das
demais ciências. À Geografia cabe o título de ciência de síntese dos fenômenos
naturais, enquanto à Antropologia cabe o de síntese dos conhecimentos sobre a
estrutura humana. Nesse tocante, cabe ressaltar que os fenômenos naturais,
objeto da Geografia, abarcavam todos os fenômenos perceptíveis, inclusive a observação
da sociedade humana sobre o espaço.
1740 - Neste ano, Frederico II torna-se Rei da Prússia. Foi um rei que
trouxe sinais de tolerância à Prússia, que era uma nação célebre pela
disciplina militar. Trouxe iluministas (Voltaire, o mais famoso)
para a corte e continuou a política de encorajamento à imigração que o pai
tinha seguido.
1746 - Falecimento do pai de Kant. Kant deixou de ter sustento. Teria de
encontrar trabalho como professor particular.
1755 - Publicação do Livro "História natural genérica e teoria dos
céus". Kant consegue o título de Mestre e o direito a dar aulas na
Universidade Alberto. Daria aulas como docente privado. Não pago pela
Universidade, mas pelos próprios alunos. Nesse ano, Kant foi influenciado pelo
desastre que foi o Terramoto
de 1755, em Lisboa/Portugal, em parte pelo
resultado de tentar entender a enormidade do sismo e as consequências, publicou
três textos distintos sobre o assunto.
1762 - Kant lê as recentes publicações de Rousseau, "Emile" (uma obra
filosófica sobre a educação do indivíduo) e o ensaio "Contrato
social".
1770 - Kant torna-se professor de Lógica e Metafísica na Universidade, após
14 anos como docente (pago pelos alunos). Kant lê por volta desta altura a obra
de David
Hume, que
o terá despertado do seu "sono dogmático", como ele próprio disse.
1773 - Ironicamente, Frederico
II, um
protestante, concede refúgio à Ordem dos Jesuítas, banidos pelo
Papa.
1774 - Auge do movimento romântico chamado "Sturm-und-Drang". Herder publica "Também uma filosofia da História para educação da
Humanidade".
1781 - Kant publica em Maio "Crítica da Razão Pura". A reacção
é pouco encorajadora. Moses
Mendelssohn e Johann Georg Hamann pronunciam-se com indecisão.
1783 - Kant escreve um artigo intitulado "O que é o Iluminismo?"
para a revista "Berlinischen Monatsschrift", como resposta a uma
discussão na mesma. Um anónimo tinha escrito que a cerimónia do casamento já
não se conformava ao espírito dos tempos do iluminismo. Um pastor perguntou na
resposta, que era então o iluminismo. Kant respondeu
com o seu artigo.
1789 - Início da Revolução Francesa. Kant
pronuncia-se inicialmente de forma favorável à Revolução, e sobretudo à
secularização resultante, após o qual o Rei da Prússia Frederico Guilherme II da Prússia proíbe Kant de se
pronunciar sobre quaisquer temas religiosos.
1795 - Publicação do tratado "Para a paz eterna", na qual surge a
perspectiva de um cidadão do mundo esclarecido.
1804 - Com 80 anos de idade, Kant faleceu em Königsberg, depois de
prolongada doença que apresentava sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer. Já não
reconhecia sequer os seus amigos íntimos.
Obras
·
Dissertação sobre a forma e os princípios do mundo sensível e
inteligível (1770);
·
Prolegômenos para toda metafísica futura que se apresente como ciência
(1783);
·
Ideia de uma História Universal de um Ponto de Vista Cosmopolita (1784);
·
Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785);
·
Fundamentos da metafísica da moral (1785);
·
Primeiros princípios metafísicos da ciência natural (1786);
·
A Religião dentro dos limites da mera razão (1793);
·
A Paz Perpétua (1795);
·
Doutrina do Direito (1796);
·
A Metafísica da Moral (1797);
·
Antropologia do ponto de vista pragmático (1798).
·
Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura.
Conclusão
Kant é famoso sobre tudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós
trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do
mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da
natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais
determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século
XX. No
entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas
contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação do sistema
solar, conhecida
como a hipótese Kant-Laplace.
Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant
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