quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O Jovem e o Desejo de Descubrir a Sua Identidade Pessoal

A necessidade de o jovem assumir compromissos e colocar-se frente à vida adulta significa uma profunda mudança de seu papel no mundo, levando-o a questionamentos, dúvidas e incertezas, no período da adolescência, o jovem reconstrói seu universo interno e cria relações com o mundo externo.
A identidade é o que permite ao sujeito tomar consciência de sua existência, o que se dá através da tomada de consciência de seu corpo (estar no espaço e no tempo), de seu saber (seus conhecimentos sobre o mundo), de seus julgamentos (suas crenças), de suas ações (seu poder fazer). A identidade implica, então, a tomada de consciência de si mesmo.

A Busca da Identidade na Adolescência


Meninos e meninas passam a contestar o que os adultos dizem. Ora falam demais, ora ficam calados. Surgem os namoricos, as implicâncias e a vontade de conhecer intensamente o mundo. Os comportamentos variam tanto que professores e pais se sentem perdidos.

A inconstância, nesse caso, é sinônimo de ajuste. É a maneira que os jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de não serem mais crianças nem adultos. Diante de um corpo em mutação, precisam construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Por trás de manifestações tão distintas quanto rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar um turbilhão de sensações e sentimentos.

Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos recém-descoberta. É como se o psiquismo do jovem tivesse dificuldade para acompanhar tantas novidades. São encanações típicas da idade e que precisam ser acolhidas.
O jovem deve ficar à vontade para tirar dúvidas e conversar sobre o que ocorre com seu corpo sem que sinta medo de ser diminuído ou ridicularizado. Além disso, ele necessita de privacidade e, se não quiser falar, deve ser respeitado.
O afastamento dos pais revela a necessidade de outros modelos

A dificuldade em lidar com o corpo está diretamente relacionada à nova relação que o jovem tem de construir com seus pais. Isso porque, na adolescência, o amadurecimento seja revivido.
Na adolescência, restos mal resolvidos podem vir à tona. Surge daí a necessidade inconsciente de buscar outros modelos de homem e mulher além do pai e da mãe. O distanciamento também é uma forma de reelaborar a imagem idealizada dos pais e provar que não se é mais criança.
Esse comportamento serve para que o adolescente exercite a definição de uma identidade baseada em experiências mais amplas. Isso não quer dizer que o adolescente não possa ter saudade da dependência infantil e de comportamentos que aludam a ela. Mas, uma vez nessa fase, ficam cada vez mais constantes as saídas em grupo e a oposição verbal e física às referências paternas e maternas.
Na sala de aula, é importante estabelecer limites quando o adolescente adota uma postura de confronto para se afirmar ou quando transforma o professor em referência masculina, feminina ou de comportamento. No primeiro caso, deve-se escutar o que o adolescente tem a dizer - valorizar sua voz é abrir as portas do diálogo -, mas também apontar as normas de conduta da instituição e do convívio civilizado. No segundo, a melhor saída é chamar a atenção para aquilo que há de positivo no comportamento do próprio jovem. Assim, ele poderá começar a reconhecer nele mesmo traços da identidade que constrói.

No mundo interno, o peso do julgamento dos outros diminui


Tantas descobertas fazem o adolescente ter de remanejar constantemente as novas relações socioafetivas que incorpora à vida. Ele descobre que lidar com o olhar do outro, com um corpo que não para de se desenvolver e com conflitos sobre sua própria identidade gera angústias que precisam de tempo e espaço para serem elaboradas.
 Ele pode rever tudo o que se passa num espaço próprio, a salvo do julgamento dos outros. Esse contato com a subjetividade é essencial para sedimentar suas vivências - desde que o adolescente não substitua as relações do dia a dia por um isolamento permanente. Nesse caso, professores e pais devem se aproximar, já que a ruptura com a infância pode deixar um vazio depressivo muitas vezes perigoso.
O fato é que, apesar de ser um processo difícil, confuso e doloroso, a adolescência é um período em que se descobre como usar novas ferramentas emocionais para se relacionar com o mundo. À medida que integra as concepções que grupos, pessoas e instituições têm a respeito dele, compreendendo e assimilando os valores que constituem o ambiente social, o jovem reforça o sentimento de identidade. A escola tem um papel fundamental nesse processo. Ela jamais deve reduzir o comportamento do adolescente à pecha de rebeldia. Integrá-lo e respeitá-lo são as melhores formas de educar seres humanos confiantes e sadios.

A importância da Identidade Pessoal no contexto da integração social

No relacionamento que os seres humanos têm entre si, surgem interacções mais significativas e outras que o ser tende a desvalorizar. Este facto acontece em função da identidade pessoal de cada ser. A Identidade Pessoal é sujeita desde muito cedo a interacções com o meio que a rodeia.
A identidade constrói-se por referência á alteridade, em relação ao outro que se percepciona e nos dá a imagem de nós mesmos. Estas duas componentes vão-se construíndo nesse processo de interacção onde o indivíduo percorre o seu caminho, explorando o “nós” e o outro que vai descobrindo. O sujeito ganha a consciência do seu “eu” em contraste com os outros, e assimila a identidade do grupo com o qual se identifica, como sua.
Finalmente o ser reconstrói-se na sua perspectiva mais própria, na sua perspectiva colectiva ou de grupo e por último na perspectiva do “outro”, e tudo o que julgava ter como certo, como as suas representações e opiniões, modificam-se. Neste contexto do relacionamento inter-pessoal, surge a intersubjectividade, sendo esta uma condição da vida social pois permite a partilha de sentidos, experiências e conhecimentos “entre sujeitos”.
Desta intersubjectividade surge então a integração social, na sociedade, nos grupos da escola e nos grupos de rua. Esta nova Geração está envolta em grande polémica, pois houve uma alteração dos valores que não agradaram aos mais antigos e cuja preocupação se tem vindo a revelar crescente. A ganância disfarçada e a sede de poder afirmam-se cada vez mais entre os jovens e valores como o altruísmo vão sendo desvalorizados.
A Identidade Pessoal surge então como base essencial do sucesso e da realização pessoal, sendo que a tarefa principal do ser humano é identificar-se, construir-se, reconstruir-se e integrar-se nos vários contextos.
Acredita-se que as mudanças corporais, ao nível físico, são relativamente universais, com algumas variações. Um exemplo disso é a menstruação nas meninas, não se conhece cultura em que esse fato não ocorra; podem-se variar as datas mas nunca deixar de acontecer.
A construção da identidade é social e acontece durante toda, ou grande parte, da vida dos indivíduos. Desde o seu nascimento o homem inicia uma longa e perene interação com o meio em que está inserido, a partir da qual construirá não só a sua identidade, como a sua inteligência, suas emoções, seus medos, sua personalidade, etc. Apesar de alguns traços desenvolvimentais serem comuns a todas as pessoas, independente do meio e da cultura em que estejam inseridas (como é o caso, por exemplo, da menstruação nas meninas ou do nascimento dos pelos nos meninos), há determinadas características do desenvolvimento que se diferem em grande escala quando há diferenças culturais. A construção da identidade é um desses fatores relacionados ao desenvolvimento que tem íntima, senão total, dependência da cultura e da sociedade onde o indivíduo está inserido.
Em alguns momentos podemos observar certas crises de identidade durante o desenvolvimento da mesma. É o que acontece, por exemplo, com a maioria dos adolescentes das sociedades atuais, que precisam resolver essas crises para solidificarem aspectos de sua identidade pessoal e social.

Um resgate histórico da adolescência

Para que possamos entender, exatamente, o conceito atual de adolescência e a consequente crise de identidade relacionada à mesma, pensamos que seja necessário um resgate histórico do termo pois esse é, sem dúvida, derivado de movimentos da história.
Todo termo adquire melhor sentido quando embasado historicamente, pois a história lhe oferece a base conceitual e evolutiva, legitimando-o.  Há inúmeras pesquisas, na área da Educação, que pecam por carecer de bases históricas que introduzam o assunto contido no problema de pesquisa e dão a impressão de estar falando de algo que se encerra em si mesmo; que sempre existiu ou que surgiu em determinada época remota (não se sabe qual) mas que isso não influencia o seu conceito. Não pretendemos correr o mesmo risco.
Iniciaremos nosso resgate focando nosso olhar sobre um dos mais ricos impérios (em todos os sentidos)  de que se teve notícia o romano. O nascimento de um romano não era o suficiente para que esse ocupasse um lugar no mundo. Era necessário que o pai o quisesse e o recebesse para que, então, iniciasse  sua educação e consequente colocação na aristocracia romana. Tão logo nascia a criança era entregue a uma nutriz que ficava responsável pela educação da criança até a puberdade, educação essa que era extremamente rígida, tendo como objetivo a formação do caráter.
 Somente aos 14 anos o jovem romano abandonava as vestes infantis e passava a ter o direito de fazer o que um jovem gostava de fazer; aos 17 anos podia entrar para  a carreira pública, como o exército. Não havia um marco que separasse  a criança do adolescente pois isso era decidido pelo pai, quando esse pensava ter chegado à hora do impúbere abandonar as vestes de criança e tomar as vestes de homem.
Durante a Idade Média também não se viu nascer nenhum período de transição entre a infância e a idade adulta, o chamado jovem era o recém entrado no mundo adulto, o que era feito através da barbatoria, cerimônia que se seguia ao primeiro barbear do rapaz, sendo que o pêlo era a prova de que a criança tornara-se homem e, então, a qualidade da agressividade poderia ser cultivada, objetivando a boa formação do guerreiro.
É no século XVIII que aparecem as primeiras tentativas de se definir, claramente, a adolescência. Mas é somente no século XX que vimos nascer o adolescente moderno típico exprimindo uma mistura de pureza provisória, força física, espontaneidade e alegria de viver, o que tornou o adolescente o herói do século XX  o século da adolescência. A partir de então, passou a haver interesse sobre o que o adolescente pensa, faz e sente. Definiu-se claramente a puberdade e as mudanças psíquicas, para que tivéssemos a imagem do adolescente atual.
Há estudos que nos mostram que a grande maioria das questões ligadas à adolescência está diretamente relacionada ao funcionamento da sociedade em que esse adolescente encontra-se inserido.

A conceituação da adolescência

A primeira idéia que nos surge quando pensamos em adolescência é “transformação”. Alguns autores sublinham as transformações corporais, a chamada puberdade, marcada pelo crescimento rápido, surgimento de pêlos pubianos, mudança na voz dos meninos, aumento dos seios nas meninas, ebulições hormonais levando à explosão da sexualidade, etc.
 Outros as transformações comportamentais, tais como uma suposta rebeldia, um certo isolamento, um apego exagerado ao grupo, adoção de novas formas de se vestir, falar e se relacionar, além de episódios de depressão, tristeza ou euforia.
Acredita-se que as mudanças corporais, ao nível físico, são relativamente universais, com algumas variações. Um exemplo disso é a menstruação nas meninas, não se conhece cultura em que esse fato não ocorra; podem-se variar as datas mas nunca deixar de acontecer.
Já no nível psicológico (principalmente comportamental), há uma vasta diferença de características no que tange às mudanças. Acredita-se que não há nada de universal nas transformações psicológicas que variam de cultura para cultura, de grupo para grupo e de indivíduo para indivíduo. O que há de interessante em nossa sociedade é que, com certeza, a adolescência faz nascer um novo referencial, é como um novo nascimento: só que agora é o “recém-nascido” quem deve escolher o nome!
E dá início à transformação que levará a um outro ser, mais livre, mais bonito (segundo algumas estéticas) e dotado de asas que lhe permitirão voar. Se a lagarta pensa e sente, também o seu pensamento e o seu sentimento se transformarão. Serão agora o pensar e o sentir de uma borboleta. Ela vai ter um outro corpo, outro astral, outro tipo de relação com o mundo. 

A crise de identidade própria da adolescência

O período da adolescência é marcado por diversos fatores mas, sem dúvida, o mais importante é a tomada de consciência de um novo espaço no mundo, a entrada em uma nova realidade que produz confusão de conceitos e perda de certas referências. O encontro dos iguais no mundo dos diferentes é o que caracteriza a formação dos grupos de adolescentes, que se tornarão lugar de livre expressão e de reestruturação da personalidade, ainda que essa fique por algum tempo sendo coletiva.
Essa busca do “eu” nos outros na tentativa de obter uma identidade para o seu ego é chamado de “crise de identidade”, o que acarreta angústias, passividade ou revolta, dificuldades de relacionamento inter e intrapessoal, além de conflitos de valores.
A tarefa central de cada período é o desenvolvimento de uma qualidade específica do ego. Dos 13 aos 18 anos a qualidade do ego a ser desenvolvida é a identidade, sendo a principal tarefa adaptar o sentido do eu às mudanças físicas da puberdade, além de desenvolver uma identidade sexual madura, buscar novos valores e fazer uma escolha ocupacional.
Em termos psicológicos, a formação da identidade emprega um processo de reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do funcionamento mental, pelo qual o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como os outros o julgam, em comparação com eles próprios.
Como vimos, entre os aspectos importantes no desenvolvimento da identidade está o controle vital, ou seja, as fases ou períodos da vida que o indivíduo atravessa até chegar à idade adulta, que são marcados por crises apresentadas como situações a serem resolvidas.
Entre as indispensáveis coordenadas da identidade está o ciclo vital, pois partimos do princípio de que só com a adolescência o indivíduo desenvolve os requisitos preliminares de crescimento fisiológico, amadurecimento mental e responsabilidade social para atravessar a crise de identidade.
Desta forma, o grande conflito a ser solucionado na adolescência só estará terminada quando a identidade tiver encontrado uma forma que determinará, decisivamente, a vida seguinte.
É exatamente essa crise e, conseqüente confusão, de identidade que fará com que o adolescente parta em busca de identificações, encontrando outros “iguais” e formando seus grupos.  A necessidade de dividir suas angústias e padronizar suas atitudes e idéias, faz do grupo um lugar privilegiado, pois nele há uma uniformidade de comportamentos, pensamentos e hábitos.
Com o tempo, algumas atitudes são internalizadas, outras não, algumas são construídas e o adolescente, paulatinamente, percebe-se portador de uma identidade que, sem dúvida, foi social e pessoalmente construída.




Conclusão

O que define um povo não é a demarcação territorial, a cor de sua pele ou sua língua, mas sim um conjunto de características (políticas, sociais, etc.) que faz dele um grupo identidário, diferenciando-o de outros grupos. É a identidade que faz com que um grupo se diferencie do outro, pois propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo divida a sociedade em dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que não são. Desse modo, sabemos quem somos por sabermos que não somos o outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma marcação simbólica relativa a outras identidades.

Bibliografia

http://revistaescola.abril.com.br/formacao/busca-identidade-adolescencia-jovem-puberdade-538868.shtml
http://dezumdoistres0708.wordpress.com/2008/06/13/a-importancia-da-identidade-pessoal-no-contexto-da-integracao-social/
http://www.patrick-charaudeau.com/Identidade-social-e-identidade.html


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