sábado, 6 de setembro de 2014

Discurso Direto, Indireto e Livre

Introdução 

As enunciações dos textos narrativos variam de acordo com a intenção do discurso. São classificados em três tipos de discursos: Discurso Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre. Amplamente estudados pela gramática tradicional, que designam três modos de reportar ou citar um ato de enunciação. Segue-se uma descrição precisa de cada um dos processos.

Discurso Direto

O discurso direto é a reprodução de maneira direta da fala das personagens, ou seja, a reprodução integral e literal, introduzida por travessão. Nessa estrutura, as falas são acompanhadas por um verbo declarativo, seguido de dois pontos e travessão. Sintaticamente, o conteúdo da fala funciona sempre como objeto direto do verbo declarativo.
O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo a narrativa, põe-nas em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia.
- Ninguém se mexe! – ordenou ele.
Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzidas e elas ganhem vida, como em uma peça teatral.
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a reprodução das falas.
Exemplos:
Foi até sua casa a fim lhe contar o ocorrido. No trajeto, viu Maria de longe, acenou e gritou:
 —Preciso falar com você urgente!!!
 Maria respondeu:
 — Estou trabalhando agora, depois te ligo, tudo bem.
"Virgília ouvia-me calada; depois disse:
- Não escaparíamos talvez; ele iria ter comigo e matava-me do mesmo modo."
"- Quer comprar alguma coisa? disse ela estendendo-me a mão."

Discurso Indireto

O discurso indireto é definido como o registro da fala da personagem sob influência por parte do narrador. Nesse tipo de discurso, os tempos verbais são modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que fala. Além disso, costuma-se citar o nome de quem proferiu a fala ou fazer algum tipo de referência.
Neste tipo de discurso narrativo o narrador interfere na fala da personagem. Este conta aos leitores o que a personagem disse, no entanto o faz na 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, e sim "traduzidas" na linguagem do narrador. Também é sem travessão. No fundo são apenas a junção dos dois modos verbais. A pessoa não pergunta de verdade, é o narrador que faz a pergunta com o nome do personagem.
Exemplos:
Ele ordenou que ninguém se mexesse.

Discurso Indireto Livre

Discurso indireto livre é uma modalidade de técnica narrativa, resultante da mistura dos discursos direto e indireto, sendo um processo de grande efeito estilístico.
Por meio dele, o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas dos personagens, mas também o que eles não falam, mas pensam, sonham, desejam etc. Neste caso, o discurso indireto livre corresponde ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
O discurso indireto livre ocorre quando a fala do personagem aparece na fala do narrador, assim, o que se lê não é um juízo do narrador, mas o próprio comentário do personagem sem secção (como ocorre no discurso direto, por exemplo, que utiliza travessões, dois pontos, aspas etc), ou seja, sem estar separado do bloco de texto. Comumente, o discurso indireto livre aparece entremeado com o discurso indireto.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, podendo ter ou não verbos de elocução. Quando possui verbo de elocução, fica mais nítido de se perceber que aquela frase que está ali não é do narrador, mas sim do personagem. Em geral, ele ocorre com foco narrativo em terceira pessoa, mas pode, em alguns casos (não é comum) estar em primeira. Esse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto. O texto é escrito em terceira pessoa e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se fundem
 Veja-se o seguinte exemplo:
Que ninguém se mexesse!
Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores se formou na porta de uma padaria e o padeiro saiu a informar que não havia pão. Por quê? Onde estava o pão? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria invadiram a padaria e levaram o estoque de roscas e biscoitos, a manteiga e o chocolate.

Conclusão

As palavras são importantes. E os discursos têm o poder de mudar as coisas, a vida das pessoas e as motivações. Um mau discurso pode mudar um país. Os diversos textos que circulam na sociedade nem sempre nos permitem ir além dos seus limites linguísticos e analisá-los mais profundamente. Alguns deles tornam-se obscuros na medida em que exigem de nós conhecimentos mais específicos. Este trabalho sobre nos fornece métodos teóricos eficientes para a análise de todo tipo de discurso, como também nos auxilia a ultrapassar a superficialidade da primeira leitura de um texto. O objetivo desse trabalho é, portanto, mostrar a importância do Discurso na compreensão dos enunciados, tendo eles qualquer extensão ou pertencendo a qualquer tipo ou gênero textual.


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